“O corpo esmagado da menina jazia espalhado na calçada um dia depois de mergulhar do quinto andar de um prédio de apartamentos em Chicago. Todos disseram que ela tinha cometido suicídio, mas, na verdade, foi homicídio. O assassino foi um narcótico conhecido na América como marijuana e na história como haxixe. Usado na forma de cigarros, ele é uma novidade nos Estados Unidos e é tão perigoso quanto uma cascavel”.
É assim que inicia
a matéria “Marijuana: assassina de jovens”, na revista American Magazine, em
1937, escrita por Harry Aslinger. Ele, funcionário público que já havia
trabalhado nas leis proibicionistas durante o período da Lei Seca, condenava o
crescente uso da maconha pelos jovens, associando a droga à criminalidade e à
marginalidade. E, em agosto de 2002, Denis Russo e Alceu Nunes escrevem na
revista Super Interessante, que a cena nunca aconteceu. Além disso, afirmam: “Se a maconha, hoje, é ilegal em
praticamente todo o mundo, não é exagero dizer que o maior responsável foi ele
(Harry)”.
Exposto isso, não me aprofundarei quanto aos
motivos sociais e econômicos os quais levaram Aslinger à campanha contra a
maconha. O que chamou atenção, de fato, foi a repercussão e o poder
proporcionados por isso. No mesmo ano, o plantio e uso da maconha, nos Estados
Unidos, foram proibidos. Posteriormente, a planta foi impedida na Europa. E
então, o Brasil moveu-se e criou, em 1830, a primeira lei obstando a maconha. A
norma, entretanto, não foi obedecida pelos brasileiros e somente em 1920
ocorreu a proibição definitiva. Agora, alguns lutam não só pela
descriminalização da “cannabis sativa”, mas de todas as drogas.
Será isso possível e provável? Cito como
exemplo, novamente, a maconha. Ela, dita por muitos como droga natural, não
viciante e que “traz paz”, foi analisada por especialistas da Organização
Mundial da Saúde (OMS) e eles comprovam: a droga diminui a capacidade de aprender,
raciocinar e memorizar. Ademais, quem a usa pode partir para drogas mais
pesadas. “Nota-se que a experiência com a cannabis precede o interesse por
outras substâncias; são as colas de sapateiro, as anfetaminas, a cocaína e a
heroína”, afirmam. Também foi confirmado que ela provoca desastres de trânsito,
pois, em simulações, motoristas que fumaram durante uma hora antes do teste
brecam em hora errada e tardam para reagir aos sinais de trânsito.
Diante de tanto malefício de apenas uma
droga, por que legalizar as demais? A questão em análise se trata da
preservação da saúde pública, e não do direito de liberdade. O Brasil, além de
ser “consumista do tráfico de drogas”, é produtor e fornecedor de
estupefacientes, servindo de rota de tráfico. Os traficantes tiram vantagem de fronteiras,
portos e aeroportos que interligam para encaminharem a mercancia ilícita a outros
países. Os usuários defendem que a legalização iria dificultar tal procedimento
e acabar de vez com o tráfico. Pelo contrário, facilitaria o exercício das
maiores facções e dos grandes traficantes de drogas do Brasil, porque os
principais lucros deles provêm da traficância internacional de entorpecentes e,
por consequência, da lavagem de dinheiro.
Desse modo, faço imprescindível a
criminalização dessas drogas. Mesmo que a absolvição reduzisse o lucro dos
traficantes do tráfico interno, ela não prejudicaria o crime organizado no
tráfico internacional, no qual os mais beneficiários são os políticos corruptos,
os quais possuem laços com organizações de cunho nacional e internacional,
muitas vezes entrelaçados com branqueamento de capital digno de vergonha e
repúdio. E acredito também que o Brasil não tem estrutura para controlar a
carga de usuários e de consumo de drogas que aumentarão com a eventual
legalização.
Amanda Larissa
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