quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A longevidade suplica por respeito


   Há algum tempo que o idoso vem sendo esquecido e tem perdido o valor e a dignidade perante a sociedade. O descaso chama atenção e é exposto pelos holofotes da mídia, a fim de uma solução para o conflito emocional causado a todos que vivem essa idade avançada – ou experiente, como preferem alguns.

   Exemplo dessa negligência foi o que aconteceu com Ivonete Cruz da Silva, de 79 anos, em agosto deste ano, como retratou a TV Record. Ela foi encontrada com o braço inchado, um corte no pescoço e deitada sobre lençóis sujos de sangue, no Hospital Estadual Getúlio Vargas. A família está revoltada e exige explicação da direção da unidade, a qual diz que não houve complicação para a saúde da paciente. A idosa, assim como tantas outras, foi vítima de uma insensibilidade humana cuja explicação está na inversão de valores a qual assola os brasileiros.

   Isso porque as pessoas, ultimamente, desprezam e colocam o idoso num calvário, causando-o cruel sofrimento. Elas, argutamente, veem nele apenas um indivíduo irritante, sem contribuição e eficácia, o qual merece ser abandonado. Algumas expressam sua discriminação indiretamente, mas outras preferem deixar claro e pungente seu desrespeito. Isso ocorreu com uma senhora de 81 anos, no bairro Pajuçara, em Caucaia (CE). Na semana passada, num ato desumano e inaceitável, um jardineiro violentou-a, sexualmente, e penetrou um item - um santo -, causando bastante ferimento.

   Ela, idosa, não pode se defender e agora luta por justiça, após a prisão do estuprador. Com qual direito os homens se reservam de tal prática abominável? Onde estão os valores da humanidade? Escassos. Numa espécie de extinção desenfreada. Nessa idade da vida, consideravelmente, o cidadão, por apresentar-se frágil e em processo de mudanças, carece de solidariedade, tolerância e amor. O que se vê, entretanto, são mais “Clínicas de Repouso”, de Dalton Trevisan, do que “Luz Sob a Porta”, de Luiz Vilela.

   Esses contos ressaltam, de forma diferente, a visão e o valor atribuídos ao idoso. Enquanto um demonstra a falta de compaixão vivenciada por Dona Candinha, o outro nos leva ao amor e consideração do filho Nelson pela sua mãe. Desse modo, acredita-se que o homem está perdendo, cada vez mais, o âmago de vida harmoniosa e o discernimento dos seus atos. Resta-se, então, ser agente ativo de melhoria e a confiança em um mundo mais justo e humanitário.


Amanda Larissa

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