quinta-feira, 19 de julho de 2012

A educação em prol da globalização


   Em 1979, Dalton Trevisan, em seu livro “Vinte Contos Menores”, escreveu o texto “Uma vela para Dario”. De acordo com a Editora Objetiva, essa estória faz parte dos 100 melhores contos brasileiros do século, e conta a morte de um transeunte que, momentos antes, passa por um gradativo processo de perda, tornando-se refém de uma desumana extorsão de seus pertences.

   Dario, porém, surpreendeu-se com um gesto efetivo de solidariedade proveniente de alguém inesperado: “um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver”. Essa passagem demonstra, claramente, a importância de valores-princípios imprescindíveis à essência da condição humana. Ser solidário e ter compaixão ao próximo são sentimentos filantrópicos, os quais levam o homem a ajudar os demais, prestando-os caridade. Isso necessita ser priorizado por duas instituições fundamentais no desenvolvimento de uma criança: a escola e a família.

   Elas são as responsáveis por construir – ou pelo menos contribuir para - a consciência e o caráter dos indivíduos. Desde pequenos, os infantis são levados à escola e lá passam a ter um convívio diário, formando relações interativas com pessoas distintas de cor, raça, religião, poder aquisitivo. Essas diferenças ou até mesmo desigualdades só serão bem aceitas ou, no mínimo, respeitadas, se houver uma base familiar estruturada, cuja educação é focada na tolerância ao que não nos é comum e no discernimento de que todos merecem ser tratados com dignidade, a fim de estabelecermos uma rotina de equilíbrio fundamentada no pensamento humanitário.

   Essa reflexão humanística propõe uma geração mais pensada e “gente de pessoa”, como disse Guimarães Rosa, em “Recado do Morro”. Isto é, um povo com conteúdo interior, de fato, no qual a essência é prioridade em detrimento da aparência, gerador de tolerância, amor e solidariedade. Se essas características inerentes ao Ser humano forem tratadas com descaso e esquecidas, restará, apenas, uma sociedade individualista, fruto do pensamento capitalista, na qual perderá, sem perceber, a própria identidade, tornando-se solitária, egoísta e ambiciosa.

   Viveremos, então, em um “circuito fechado”, como escreveu, muito bem, Ricardo Ramos, onde as pessoas seriam tão imediatistas e mecânicas, ao ponto de ficarem depressivas, tragadas pela própria insensibilidade. Pitágoras, certa vez, disse: “educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos”. Acredito, piamente, pois é no desenvolvimento que erros futuros podem ser evitados, se tratados com responsabilidade e atenção.


   Diante disso, dou crédito ao investimento psicológico das crianças de hoje, para que no futuro possuam consistência, sabedoria e potencial intelectual para perpetuarem o conhecimento humanitário em prol da globalização. Afinal, como diria Pierre Dac, “o futuro é o passado em preparação”.



Amanda Larissa

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