Hoje me deparei com fotos antigas.
Momentos inesquecíveis. Sentimentos bons. Saudade. Aquele velho momento
nostálgico. Mas é que é engraçado: quando somos crianças, queremos crescer
logo. "Adultice", aí vou eu. Sentimento de independência. E quando
crescemos? Ah, queremos voltar a ser crianças. Jô(Jordana) um dia disse-me
isso, e nem dei "muita bola". "Ah, quero crescer, ficar adulta e
ser independente. Já cansei de ser criança. Sempre as mesmas regras. Sempre a
mesma diversão. Sempre a mesma rotina". Quão besta eu fui! Que
mediocridade! Ingênua. É bom deeeeeeemais ser criança e precisei envelhecer pra
saber disso. Como queria ter percebido antes. "Aquela velha vontade de
voltar ao tempo".
É aí que me lembro de Titãs:
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração...
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...
Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...
Devia, devia, queria, devia, queria, devia... Quantas repetições
de verbo no pretérito! Quanta saudade escondida por trás de orações. E agora
vivemos, como meu professor de geografia - Sami - muito bem colocou, no tempo
social. Cadê o relógio natural? Foi destruído por um capEtalismo, como disse o
professor Agenor. O qual aumenta, exponencialmente, as injustiças sociais
(concentração de renda), o insaciável consumismo (sociedade materialista) e o
individualismo. Hipócritas. Vergonha. Repúdio. Nojo. Espírito burguês com vício
reprodutivo da escala do poder. Busca incessante por capital que assola o Ser
humano, degradando-o. Valores-princípios esquecidos. Inversão de valores. É
assim que caminha a humanidade. Quem pensa que o "fim do mundo"
chegará com catástrofes, tsunamis, terremotos e outros acontecimentos
ambientais enganar-se-á. A catástrofe é humana. A situação está bem mais
apavorante do que parece. O fim da humanidade já começou e Nando Reis reparou
isso faz tempo. "O que está acontecendo? O mundo está ao contrário e
ninguém reparou". Mas onde está o pensamento do homem, o qual não enxerga
isso? Ou melhor, onde estão seus olhos? Cadê sua capacidade de visualizar? Ah,
é verdade, ele está cego. CEGO. Cego por modelos de produção industrial. Cego
por cotas mínimas de produtos. Cego por aperfeiçoamentos estéticos fúteis. Cego
porque realiza, todos os dias, um trabalho repetitivo, alienante,
especializado, estúpido. Cego porque quer quantidade, e não qualidade. Cego
porque se preocupa com o acabamento do produto quando seu interior está podre,
vazio. Vácuo é o que há. Cego por investir em energia nuclear mesmo conhecendo
seus desastres. Momento caótico. Mortes. Revolta. Fukushima. Chernobyl.
Acidente com césio-137. Mas falam tanto em desenvolvimento sustentável. Quanto
avanço! Quanta inteligência! E, por que não falam também que "o
ecologicamente correto só funciona se for ECONOMICAMENTE viável"? Essa foi
uma frase do meu professor de biologia, Luciano. Fiquei refletindo. A população
pobre já não tem dinheiro para necessidades básicas e procura, então, os
produtos de menor custo. Quer algo para satisfazer-se, sem pesar muito "no
bolso". Está preocupada com o meio ambiente? Não sei. Falta conhecimento,
sobra ignorância. E se tiver? Os produtos ecologicamente corretos têm custo
elevado, inacessíveis para quem necessita e faz diferença de 10 centavos. Assim
não dá, o desenvolvimento sustentável não é desenvolvido. É preciso,
primeiro, autossustentar-se para sustentar alguém ou
algo. Enquanto isso a natureza vai levando, segurando uma ponta, apertando
outra, remendando acolá. E até quando aguentará? Até quando sustentará o
sustento humano? Até quando o homem não entenderá que os recursos naturais
tornaram-se escassos e as necessidades humanas ilimitadas, gerando assim um
custo de oportunidades para cada insumo retirado da natureza? Até quando? Até?
A natureza, a todo momento, responde: devagar que o santo é de barro, devagar
que ele pode cair. E o homem? Ah, ele é esperto! Deixa com ele! Deixa que ele
dá uma "ajeitadinha" no potencial biótico! Então, consigo compreender
um circuito fechado, diferentemente do escrito por Ricardo Ramos: O fim do
desmatamento causa o fechamento de empresas por falta de cerâmica e, assim, a
taxa de desemprego aumenta, gerando revoltas sociais, cuja consequência é a
inflação, a qual originará mais revolta popular. Êta intelectualidade humana. É
a ignorância sendo perpetuada. Tenho pena das gerações futuras. O que
deixaremos para elas, além de tecnologia e combustíveis fósseis? Melhor,
quantas coisas não deixaremos? Restará um histórico repugnante de uma sociedade
medíocre, competitiva, desumana e canibal. Afinal, já dizia Thomas Hobbes: o
homem é o lobo do homem. É cada um por si. "Guerras. Sangue em vão.
Desunião. Famílias desunidas. Irmão mantando irmão. Guerra santa. Gente
dormindo no chão". Sim, porque em plena Era de Globalização, homens
destroem-se em nome da étnica, da religião ou da economia. Paquistão X Índia.
Irã X Iraque. 8 mortos em atos anti-EUA. Século XXI. E DAÍ? E daí, se estamos
pensando e agindo como homens da caverna? Nem isso, porque acredito que seja
uma ofensa para com eles. Nossa, aonde a humanidade vai parar? Qual fim
dar-nos-emos? Qual verbo terá o sujeito da oração desse contexto maquiavélico?
É bom pararmos e sentarmos.
Eu não sabia de 1/3 disso quando era criança. Falta de visão
crítica. Pouco conhecimento de mundo. Pequena experiência. Bons tempos... Será?
Na verdade, eu só queria acordar e perceber que tudo não passou de um sonho...
E que os países são harmônicos entre si, com sociedade justa, igualitária e
evoluída mentalmente. Não adianta avançar tecnologicamente se não evolui
psiquicamente. Quero saber se os robôs viverão sós e reproduzirão robozinhos
humanos. A humanidade deve está a favor da modernidade e a modernidade a favor
da humanidade. Unidas respeitosa e conscientemente. Consciência. É o que falta.
Foi perdida por aí como se perde um chip. A diferença é que ela pesa, e pesa
muito. Dói. Maltrata. Angustia. E sabe-se que o Ser humano só dá valor quando
perde. Quem sabe quando um dia reencontrá-la, saberá dar seu devido e efetivo
valor. Enquanto isso, vou brincando de ser criança até quando puder, não me
esquecendo do comportamento adulto e adequado em certas ocasiões. Porque
é sempre bom sorrir com o olhar de uma criança e abraçar com a ingenuidade
pertencente a ela. Mas também são boas a fala séria e a indignação decente,
numa espécie de "jurisesperniandi", inerentes ao adulto pensante.
Amanda Larissa